Resgate em Vendaxa – Parte II

Kel FehuCorrendo, ofegante, pelos largos e bem iluminados corredores do Templo Jedi em Coruscant, uma jovem Zabrak desvia de padawans e Cavaleiros Jedi. Kel Fehu está apressada procurando por um Mestre Jedi específico: Mestre Yoda, tido como um dos mais sábios Mestres do templo e um dos doze membros do Alto Conselho.

Ela já tentou o localizar em vários dos diversos anfiteatros e salas de treinamento, sem sucesso. Agora ela tenta se dirigir aos aposentos privados do Mestre. Na virada de um dos corredores, a Zabrak esbarra em um transeunte e cai ao chão.

“Tome mais cuidado, criança.” A voz dela é calma e sem emoção.

“Não sou uma criança. Eu tenho 16 anos e…” Fehu se levanta e reconhece imediatamente a Mestre Jedi Far-Fal Don, uma fêmea Umbaran. Humanóide de pele tão pálida que tem tonalidade quase azul claro, totalmente calva, olhos levemente encovados que emitem um leve brilho avermelhado como os olhos de um felino e trajando não a usual túnica de um Mestre Jedi, mas um Manto das Sombras (uma vestimenta tradicional dos Umbaran feito de numerosos filetes azuis claro e brancos). “Mestre Don, eu sinto muito. Estou procurando pelo Mestre Yoda.” Fehu sabe que não pode mentir para um Umbaran.. “Eu não tenho muito tempo. Mestre Draling me aguarda para o treinamento de esgrima. Somente Mestre Yoda pode me ajudar a compreender meu…” Ela pára de falar e pensa no quão ridículo isso deve soar. “Bem, tenho que ir.” E passa pelo lado da Mestre e retoma seu destino.

“Seu sonho, você quer dizer.” A Mestre completa a frase de Fehu. “E eu não acho isso ridículo.”

“Como você…?” ela pergunta atônita.

“Me perdoe, Kel Fehu. Além de Mestre em ideoscopia, possuo a telepatia inata de minha raça. Sua mente estava como um turbilhão e gritando para ser lida.” O olhar da Umbaran é tão penetrante e frio que Fehu não consegue manter o contato visual.

A jovem Zabrak se sente tão desprotegida e nua frente a alguém que pode ler seus pensamentos num reflexo tão natural quanto piscar.

“Mestre Yoda está inacessível, padawan.”

Quando a Mestre Jedi coloca uma mão acalentadora no ombro de uma Fehu desapontada, a Zabrak não tem certeza se ela a está confortando por sua natureza gentil ou por estar lendo sua mente novamente.

“Conte-me sobre seu sonho, padawan. Talvez eu possa lhe ajudar.”

E seguem andando juntas pelo corredor. Fehu não nota mas a Mestre Far-Fal Don está com um discreto sorriso em seus lábios pálidos.

XXX

Mais tarde, no mesmo dia, nos aposentos de Mestre Don.

Impaciente, andando de um lado ao outro, Fehu não entende como a Mestre Jedi pode estar tão calma.

“Ela pode estar em perigo agora mesmo, Mestre! O que estamos esperando?”Far-Fal Don

A Mestre Jedi, taciturna, apenas lança um olhar furtivo em resposta e volta a analisar alguns mapas estelares abertos em uma mesa.

Fehu nunca tinha conhecido um Umbaran antes. Eles são muito reservados e só falam o extremamente necessário. Devem preferir se comunicar por telepatia ela pensa. O quarto da Mestre é muito pouco iluminado; na verdade, a Mestre acendeu uma luz dizendo ser para Fehu se sentir mais à vontade. Foi quando a Zabrak se lembrou de uma aula que teve com Mestre Jocasta Nu sobre Umbara, o planeta natal dos Umbaran: “Umbara vive num crepúsculo eterno.” Ela disse. Acho que eles não precisam de luz para enxergar. Tudo no quarto é branco ou azul bem claro, e muitos objetos são feitos do mesmo material que o Manto das Sombras que a Mestre usa.

O som da porta automática se abrindo tira Fehu de seus pensamentos. Entra no aposento um macho Togruta alto e belo, bem conhecido de Fehu. Ela sente o suor de ansiedade escorrendo entre seus chifres vestigiais. Rama-Vatar é um dos Cavaleiros Jedi mais populares entre os padawans do grupo de Fehu, e ela não deixa de notar que o vermelho vibrante da pele do Jedi dá uma certa ‘vida’ ao quarto monótono.

“Saudações, Rama-Vatar.” Diz a Umbaran.

“Saudações, Mestre Don. Olá, Fehu.” A seriedade do cumprimento à Mestre se dissipa quando ele se dirige à Zabrak, dando um sorriso.

Ele me conhece? ela pensa, surpresa.

“Vim o mais rápido que pude, Mestre. Na mensagem, você diz ter notícias de Mestre Sul. Mas como? As comunicações com Vendaxa são dificílimas.” Pergunta, intrigado.

“Não minhas. De Fehu.” Aponta casualmente para a padawan. “Ela é uma vidente, como eu.”

“O que?” Fehu é atordoada pela revelação. “Então, meu sonho é, na verdade, uma visão?”

“Sim. Só ainda não sei precisar se você viu o presente ou o futuro, padawan.” Responde a Umbaran.

Rama sabe que Mestres como Oppo Rancisis e Yoda seguem os conselhos de Mestre Don, uma das videntes mais poderosas do Templo.

“E o que foi que Fehu viu, Mestre?”

“Jali Tulang-Sul sendo derrotada por Zhe-Drao.”

Silêncio desconfortável.

“Mas ele é uma lenda! Algo para se assustar crianças.” Diz Rama num misto de incredulidade e preocupação.

“Ele é tão real quanto eu e você. Da última vez que foi confrontado, foram necessários os talentos combinados dos Mestres Windu e Billaba, ambos treinados em Vaapad, a forma mais letal do uso de um Sabre de Luz.” A Mestre adiciona a explanação sobre o estilo Vaapad mais por conta dos pensamentos de dúvida que Fehu apresentou quando ele foi mencionado.

“Se Mestre Sul estivesse morta, eu teria sentido por nossa conexão pela Força. Temos que resgatá-la, Mestre.” Diz o Togruta, assertivo.

“Mestres Windu e Yoda estão numa missão no Anel Externo e Mestre Billaba foi designada para uma investigação em Asmeru, os três inacessíveis. Somos apenas eu, você e sua padawan.”

“Sua, SUA padawan? Você se refere a mim?”

Rama está com um sorriso no rosto e os braços cruzados sobre seu tórax. “Se você tivesse ido ao treinamento de Mestre Draling teria sido comunicada que eu a escolhi como minha padawan, Kel Fehu.”

A jovem Zabrak não consegue esconder a alegria do momento. Ela corre e abraça seu novo Mestre (que retorna o abraço).

“Perdão, Mestre Vatar.” E ela consegue ficar mais vermelha que o Togruta quando nota sua ação foi inapropriada.

“Tudo bem, Fehu.” E coloca a mão no ombro de sua nova padawan. “Agora temos que achar um bom piloto…”

XXX

Em uma das docas de espaçonave do Templo, os três Jedi procuram por uma doca em particular.

“Mestre Vatar?” pergunta a padawan.

“Sim, Fehu?”

“É verdade que você lutou sozinho contra um ninho inteiro de Gundarks controlados por uma Bruxa de Dathomir?”

Rama não consegue conter a gargalhada. “Foi isso o que você ouviu?”

“Aham.”

“Não acredite em tudo que você ouve, padawan.” Diz entre risos.

“Está certo, Mestre.” Responde um pouco envergonhada. “E quanto ao nosso piloto? Algum Ás Jedi?” tenta mudar de assunto.

“Bem, Fehu, não exatamente…”

“Nós chegamos!” Interrompe a Jedi Umbaran que aponta para uma nave de transporte YT-2400. Um veículo gigantesco com boa capacidade de manobra, com hiperdrive embutido e que suporta até seis passageiros.

A ponte de entrada na nave está abaixada. Alguns dróides fazem os últimos preparativos.

“Bem vindos ao Shooting Star, minha humilde nave!” saúda uma voz amistosa. A dona dessa voz tem um corpo atlético, um sorriso caloroso, pele azulada e é a melhor piloto que Rama conhece: Dunia Bast.

O Jedi e a Bounty Hunter se entreolham e trocam sorrisos carinhosos.

“Próxima parada: Vendaxa.”

Shooting Star

Continua…