Underdark. A torre secreta foi construída pelos Anões do clã Thunderbrick de Nidavelir em homenagem às Bodas de Mithril (100 anos de casamento) de seus queridos regentes: Angurad e Avra. Ela foi erigida na porção mais elevada de um platô de uma colossal caverna subterrânea. O acesso à caverna (pensavam os Anões) seria apenas possível atravessando-se uma miríade de túneis partindo de Nidavelir. Mesmo com toda a felicidade envolvendo o evento, quatro experientes guerreiros são postos do lado de fora da torre portando, cada um, uma tocha em uma das mãos (já que Anões não conseguem enxergar na escuridão absoluta, apenas na penumbra), um martelo de guerra na outra e escudos de metal nas costas.
Discutindo com seus dois irmãos sobre a melhor forma de invadir a torre, Zara’nah decide deixar todos os soldados Drow para trás aguardando sua próxima ordem e deixando apenas os três nobres da Casa D’Aratam seguiram na dianteira. O que Zara’nah deseja, na verdade, é testar seus queridos irmãos para escolher quem melhor poderá ajudá-la em seus planos funestos. Apontando para a torre, Ela envia Anub’arak e Tarass’zt; silenciosos com Driders, os dois elfos negros se aproximam rapidamente. Eles sabem que os Anões não são abençoados com a fantástica visão no escuro dos Drow, então, sutilmente espreitam até o limite onde a parca e incômoda luminosidade alcança. Tarass saca suas lâminas gêmeas e Anub, desde que começou a se aproximar já tem sua adaga afiada em mãos. Por um segundo, Anub lembra do açoite que Tarass uma vez sofreu quando Zara’nah o pegou desprevenido sem suas armas…Pouco antes de partirem de Svartelfzan, Micara, filha mais nova da Casa D’Aratam e especialista em venenos e alquimia, lhes presenteou com porções do terrível veneno de escolha dos Drow (chamado Kron’aghar) que deixa incoscientes os que não resistirem aos seus efeitos nocivos. Tarass e Anub embebem suas armas nesse veneno.
Anub’arak escolhe como sua vítima um Anão mais afastado dos outros. Ele consegue enxergar um ponto fraco nas defesas do distraído Anão e, veloz e invisível como um demônio Quasit, ele faz uma investida e crava sua adaga no flanco do Anão, perfurando seu pulmão. A vítima olha para o jovem Drow e tenta avisar seus companheiros guerreiros mas tem sua garganta e cordas vocais rasgadas por outro golpe do assassino; seu grito de alerta é abafado pelo seu próprio sangue e se afoga nele mesmo antes do veneno da arma fazer sequer efeito.
Zara’nah observa à distância com satisfação na violência e eficácia do seu irmão assassino. Um a menos, faltam três.
Anub usa parte da torre como cobertura. Tarass, próximo ao outro lado da torre, observa seu irmão mais novo na sua dança da morte e um misto de precaução e preocupação o invade, temendo ele próprio ser uma das vítimas de seu irmão.
Dois dos guardiões estão juntos frente à entrada da torre. Anub, o mais rápido, corta um talho nas costas de um deles. Enquanto o outro tenta dissipar a surpresa do ataque, um borrão de escuridão sólida portando duas lâminas prateadas avança e, em exatos seis segundos, corta o tendão da mão que segura o martelo, arranca um olho da presa, enfia as duas espadas no abdome do Anão e lhe presenteia com um novíssimo cinturão violáceo. As entranhas do Anão são espalhadas pelo frio chão. Imediatamente, Zara’nah conjura uma das maldições mais desprezíveis de Lolth no guerreio recém-morto e, de seu corpo, explode um fervilhar de aranhas sanguinárias que atacam o guerreiro em combate com Anub. Desesperado com as aranhas invadindo cada fresta em sua armadura, mordendo e deixando seus membros dormentes, o Anão não nota a adaga sendo trespassada em seu coração até ser tarde demais. Tarass corre em direção ao último guerreiro em uma das laterais da torre. Zara’nah, já um pouco mais próxima, invoca o terror de Lolth sobre o Anão. Ele sente seus joelhos fraquejarem, sua mente está sendo compelida a obedecer e, se submetendo à vontade da Clériga, ele se ajoelha. Tarass, sem titubear, muda a empunhadura de suas cimitarras e, como um Carcaju Atroz, as finca profundamente nas clavículas do Anão prostrado, tirando sua vida instantaneamente. Agora, gesticulando na linguagem de sinais, Zara’nah ordena que o corpo do primeiro Anão assassinado seja trazido à ela e que os dois outros sejam amarrados e postos próximos. A alta sacerdotisa apóia o corpo sobre uma rocha e, com o sangue do cadáver, desenha runas Drow no corpo e em sua face, profere uma frase na língua dos demônios e inicia o ritual de falar com os mortos. Os olhos do cadáver-Anão se abrem e seus lábios começam a se mover.
“Frio, muito frio.” diz a voz bruxuleante.
“Cale-se e me responda” comanda Zara’nah. “Onde está a rainha Avra?”
“No quarto mais alto da torre.” responde obrigado pelo nefasto feitiço.
“Que tipo de perigos a torre reserva a um Drow?” continua com o interrogatório. O cadáver animado resiste. Zara’nah olha para seus irmãos que posicionam suas armas nas gargantas dos dois Anões (mortos) amarrados. A mente do cadáver-Anão está nublada pelo feitiço e, tendo morrido antes, não sabia que seus irmãos também foram assassinados. Se pudesse raciocinar adequadamente, saberia que os Drow nunca poupariam suas vidas.
“Sigam à direita ao entrar na torre, assim vão evitar a maioria dos guardas. A rainha é uma Maga poderosa mas seu protetor, Ongul, é muito mais perigoso” responde resignado. Zara’nah finaliza o ritual mas antes sussurra ao ouvido do guerreiro assassinado “Antes disso tudo terminar, você e seus irmãos sofrerão por milênios nas Teias Demoníacas de Lolth” o olhar aterrorizado do cadáver-Anão é recompensador pensa a Clériga. Tarass ordena aos soldados que deixem as tochas acesas para diminuir as suspeitas, que vigiem a entrada da torre e matem qualquer um que tentar entrar. Anub acha a pesada chave-mestra no corpo de um dos guardiões e abre facilmente a majestosa porta da torre. Os três entram numa sala retangular, pouco mobiliada e com algumas provisões, levando a uma larga escadaria que se dividem em duas outras escadas terminando em portas, uma à direita e outra à esquerda. Anub e Tarass, sob ordem sinalizada por Zara’nah, formam uma barricada de cadeiras na porta da esquerda e seguem caminho para a direita. Anub se aproxima primeiro da porta, se vira para seus irmãos e sinaliza “três vozes. fêmeas. satisfeitas”. satisfeita já que não existe um palavra para alegria na língua de sinais dos Drow. Ele espera seus irmãos estarem prontos, usa a chave e avança. Existem três Gnomas na pequena sala, estão rindo e festejando, e morrem em poucos segundos pelos dois elfos machos, mesmo antes de terem tempo de usar seus poderes ilusórios ou de teleporte. Zara’nah abre um baú neste aposento e encontra diversos vestidos finamente bordados e cheios de gemas preciosas. Ela destrói todos eles e rouba as gemas. Do outro lado do aposento há também uma escada que sobe. O topo desta escada leva a um estreito corredor; no meio do qual há um porta entreaberta. Anub, o mais audaz, se aproxima da porta e descobre haver um quarto além dela. Ele é ricamente decorado com cortinas de seda, tapetes de pele e um espelho prateado, por onde o assassino consegue ver uma Gnoma e uma Anã imponente trajando um vestido dourado e vermelho…
Ongul, preocupado por ter deixado a sua querida rainha Avra, traz em um dos seus bolsos uma diminuta caixa com o presente que ele mesmo fez para a Rainha-Maga. Ele fica mais aliviado quando enxerga a luz das tochas circundando a torre mas todo esse alívio se dissipa a cada passada. As tochas estão jogadas ao chão e nem sinal de seus treinados guerreiros. Ele corre para a porta e é surpreendido por um grupo de Drows montados em aranhas gigantes. Ele mata todos o mais rápido que pode e entra na torre…
Continua…