Darastrixia

Old-BooksÉ peculiar o modo como os raios dourados de Pelor, o deus-sol, parecem gostar de iluminar a biblioteca de proporções gargantuanas chamada Darastrixia. Um calor agradável permeia o local e, há milênios, não se tem relato de um livro que tenha mofado ou que sequer tenha acumulado poeira. Se um livro for aberto no imenso salão principal, mesmo quando há penumbra, um pequeno espírito luminoso é conjurado para se auxiliar a leitura (para aqueles que precisam, pelo menos). Por quase oitocentos anos, a Alta-Maga Kuwena Shadowlore, protege e organiza tão magistral obra arquitetônica; Ela em si é uma lenda, já que os Dragonborn não vivem tanto assim. Hoje ela tem um visitante algo incomum…

Sob o grosso capuz negro, pode-se ver um par de chifres retorcidos e olhos com a impressão de serem labaredas vivas; As mãos do visitante, nota a Maga, são acostumadas a realizar componentes somáticos de encantamentos: um Warlock, provavelmente.kuwena2

“Você não é bem-vindo aqui, Tiefling!” Atira impetuosamente a Maga. Há milênios, o ápice da guerra entre os reinos de Arkosia e Bael-Turath, respectivamente dos Dragonborn e dos Tiefling, quase que literalmente partiu o mundo em dois e, desde então, há uma certa animosidade entre as duas raças. “Meus votos não me permitem teleportá-lo para o outro lado do reino, já que você procura conhecimento. Mas não pense que esse conhecimento será dado livremente.”  Mesmo séculos convivendo com seu amado Shenogon-Ryu, ela ainda não conseguiu esquecer os horrores sofridos por seu clã nas mãos dos Tiefling. “Que tipo de conhecimento você procura?” Finalmente pergunta.

“Quero ter acesso ao mesmo ritual que liga sua alma à do Dragão.” Responde o Tiefling calmamente, e com certo ar de arrogância, enquanto folheia um livro que retira de uma prateleira próxima.

As garras da Maga Dragonborn brilham com uma energia mágica crepitante como se ela estivesse prestes a lançar um feitiço terrível, seu cetro feito com pedaços de chifres das cinco principais raças de Dragões Metálicos vibra ferozmente, mas uma voz em sua mente a acalma antes que ela desintegre o visitante. “Espere aqui.” Responde e desaparece instantaneamente.

Não se é possível identificar nem o chão, nem paredes, nem teto, nem nada neste lugar. Kuwena flutua no frio vazio, suas escamas negras se eriçam com a aproximação de seu amado. Um magistral Dragão se materializa. Asas coriáceas retraídas nas costas, oito longos e afilados tentáculos saem de suas mandíbulas e uma couraça de escamas douradas corre por todo o colossal corpo da criatura.

GoldNosso visitante tem uma boa alma, minha amada.” A voz melodiosa do Dragão poderia acalmar uma turba orcs enfurecidos. “Mas o pedido dele é ultrajante! Como ousa querer saber nosso segredo?”

Você se recorda de quando eu criei este ritual, minha amada?” O Dragão tem um olhar que emana sagacidade. Ele aproxima seu longo pescoço da Maga. Ela acaricia levemente as barbatanas em seu queixo e dá um suave beijo em seu focinho.

“Lembro-me sim! Eu estava à beira da morte e você uniu nossas almas de tal forma que, enquanto um de nós ainda amasse o outro, este permaneceria vivo.” Responde a Maga, muito mais tranquila. “Mas você não pode comparar nosso amor com o deu um Tiefling! Ele é um Warlock. Certamente fez um pacto com uma criatura do Abismo ou dos Nove Infernos (se referindo, respectivamente, ao plano dos Demônios e dos Diabos) para conseguir seus poderes! Além do mais, como ele soube de nosso ritual?”

Seria diferente se ele tivesse feito um pacto com uma das fadas devoradoras de crianças do Feywild?” Diz o sábio Dragão, inclinando gentilmente a cabeça como um adulto faria com uma criança. “O Demônio com o qual ele tem pacto lhe disse sobre nossa existência e dos possíveis riscos do ritual. Mesmo assim, ele veio até nós disposto a tudo para salvar sua amada, a meio-Elfa que é a escolhida do próprio Bahamut. Tiamat, a deusa-demônio dos Dragões Cromáticos está lançando sua sombra no sul e só os deuses sabem como precisamos erradicar o mal que dela emana. A cidade de Anvil foi destruída pelo Dragão Verde chamado Razorleaf. A paladina se perdeu em um portal aberto por este mesmo Dragão. O mínimo que podemos fazer é ajudar o Tiefling em honra da corajosa Violet Darkblade.” Raciocina.

Com um sorriso, Kuwena está convencida. A Maga conjura um portal e, através dele, o Tiefling entra na dimensão portátil que é o refúgio de Shenogon-Ryu.

O Tiefling nunca tinha visto um dos lendários Dragões Dourados. Ele é maior do que imaginava e é impossível não se sentir inferior e pequeno e frágil perto dele. O Warlock se ajoelha em reverência.

Poucos mortais já entraram nos domínios de um dos três Dragões Dourados após o grande cataclismo provocado por nossos dois povos há tempos imemoriais. Sinta-se honrado, Morgannus.”