Resgate em Vendaxa – Parte III

VendaxaA bordo do Shooting Star, Kel Fehu observa quando os limites do hiperespaço terminam e entram no frio e silencioso espaço normal. Fehu odeia admitir mas a Twi’lek chamada Dunia Bast (aparentemente muito amiga de seu mestre, Rama-Vatar) pilota a nave com maestria, tão bem quanto um Ás Jedi (Os melhores pilotos Jedi do Templo). A perícia dela associada aos cálculos precisos de Excel (XL-R8, o dróide astromech de Mestre Vatar) tornam a monótona viagem pelo hiperespaço muito mais rápida. O ponto onde saíram no espaço foi exatamente a poucos quilômetros do poço gravitacional do planeta, só para mostrar a habilidade que a piloto tem em sua nave.

A jovem Zabrak já consegue visibilizar o distante e brilhante sol do sistema (chamado Korn, como Mestre Vatar lhe informou) e as três luas de um planeta verde e azul: Vendaxa.

Retornando sua atenção para dentro da espaçonave, Fehu percebe Mestre Don sentada no chão de pernas cruzadas, mãos nas coxas e olhos fechados.

“Mestre Vatar, o que ela está fazendo?”

“Ela é uma vidente, padawan. Agora que estamos próximos do planeta, fica mais fácil de se usar tais poderes ativamente.” Ensina pacientemente. “O Lado Negro é forte em Vendaxa, ela nubla as percepções extra-sensoriais até mesmo de um Mestre Jedi como a Mestre Far-Fal Don.” Fehu não deixa de notar um certo ar de preocupação na voz do Togruta.

“Não consigo precisar sua localização.” Responde resignada a Umbaran enquanto se levanta. “Ela é uma Mestre Jedi! Deveria ser como um clarão em toda esta escuridão do Lado Negro. Sei, como você sabe Mestre Vatar, que ela está viva mas não sei onde.”

“Bem, a missão de Mestre Sul era investigar a queda de uma espaçonave Corelliana.” Raciocina o Jedi. “Dunia, você consegue localizar uma nave (ou destroços de uma nave) na superfície do planeta?”

“Comecei a fazer isso assim que saímos do hiperespaço, querido.”

“Você é a melhor.”

“Eu sei.” E os dois riem.

De alguma forma, a Twi’lek e o Togruta rindo deixam a Zabrak incomodada.

Algum tempo depois…

“Rama? Acho que encontrei algo.”

O Jedi se aproxima do console onde Dunia faz sua pesquisa.

“Para nossa sorte, Vendaxa não possui nenhuma cidade ou porto.” Continua a Twi’lek. “Consegui detectar uma grande concentração de metal em um ponto na floresta. Pode ser a nave que estamos procurando.”

“Excelente!” Diz o Jedi. “Nos leve até lá.”

 

XXX

 

A entrada na atmosfera é mais atribulada que o de costume (Uma concentração anômala de gases, explica Dunia.) mas, quando atingem a estratosfera, já é possível se impressionar com o microverso multicolorido que é o ecossistema do planeta.

“É tão… lindo!” Fehu exclama.

“Lindo e perigoso, padawan. Assim como Shili, meu planeta natal. Muitas cores quase nunca são um bom sinal na natureza” Explica Rama.

Algumas poucas horas sobrevoando belas florestas tropicais e vastos oceanos e o grupo pousa nas proximidades do local indicado por Dunia. A  rampa de saída se abre e os três Jedi abandonam a nave.

“Aqui estão as coordenadas, Rama. Mantenham seus comlinks ligados na minha frequência para que eu e Excel possamos saber onde estão.” Dunia passa uma mão carinhosa no astromech de Rama (que responde com um sibilo de aprovação).

“Obrigado.”

“Até logo, chifrudinha.” Fala casualmente a Twi’lek sorridente.

“Ela me chamou de chifrud…?”

“Vamos, Fehu.” E a jovem Zabrak tem sua reprovação interrompida por seu mestre.

Fehu não tem tempo de expressar sua indignação com o comentário de Dunia. Ela se sente estranha, com uma leve náusea. O ar ao redor fica repentinamente frio (apesar do calor e umidade extremos da floresta); não um frio agradável, é mais como uma sensação de isolamento.

“Você só está sendo encoberta pela Névoa Jedi, padawan.” Explica Mestre Don. “Uma disciplina na Força que aprimorei e que me permite dificultar tentativas da minha detecção e de meus aliados, inclusive através da Força. Imagine quão fácil seria, em um planeta como este imerso na escuridão do Ladro Negro, se detectar três Jedi?” Continua.

“É um pouco desagradável no começo mas, com o tempo, você se acostumará.” Acalma Rama-Vatar. E Fehu se sente melhor com o sorriso de seu mestre.

Rama checa as coordenadas e aponta uma direção. Os três seguem.

 

XXX

 

Não é difícil encontrar o Corvette Corelliano, uma fragata espacial colossal com capacidade de transportar até seiscentos passageiros, em meio às árvores destruídas e chamuscadas mas, notam os Jedi ao examinar os destroços, o desafio é descobrir onde foram parar todos os tripulantes.Corvette_negvv

“São necessárias, pelo menos, trinta pessoas para se pilotar uma nave deste porte.” raciocina Rama. “Vamos investigar.”

Dentro da nave, a Zabrak e a Umbaran prosseguem na busca.

“Mestre Don? Todas as câmeras de segurança foram comprometidas e os diários de bordo desapareceram.” Comunica Fehu examinando um console.

“Consigo sentir apenas um tênue resíduo psíquico recorrente: Terror.” Afirma a Umbaran que está de olhos fechados e com os dedos nas têmporas, se concentrando.

“Mas como, Mestre Don?” Pergunta Fehu. “O terror deveria ser uma emoção facilmente detectável por sensitivos.”

“Talvez um outro aspecto do poder de Drao. Não tenho certeza.”

O comlink de Fehu faz um bip.

“Sim, mestre.”

Achei um rastro aqui fora.”

Já fora da nave…

“Um par de pegadas leves, humanóides. Podem ser de Mestre Sul.” Rama está ajoelhado e examina o solo. Fehu sabe da fama que os Togruta têm de ser excelentes rastreadores.

“Sigam-me!”

 

XXX

 

Pouco menos de uma hora andando na floresta, eles chegam em uma clareira. Fehu nota poucos roedores e aves nativas e tem uma súbita revelação.

“Eu… eu conheço este local, Mestres.” Ela está ofegante e assustada. “Este é o local da minha visão.”

“Concentre-se, padawan.” Mestre Don, com grande interesse, tenta tutoriar a jovem Zabrak. “Tente sentir o rastro psíquico deixado. Focalize em sua mente a imagem de Mestre Sul.”

“Estou tentando, mestre, mas… mas a única imagem que se forma é a de um Sabre de Luz. Um Sabre de Luz encurvado.”

“Encurvado? Humm…” indaga Rama. “O Sabre de Luz de Mestre Sul é encurvado. Isso facilita os movimentos e golpes de um praticante de Makashi como ela.”

Fehu caminha como se estivesse dentro de sua visão, os olhos presos no infinito e, a poucos metros de onde estava, perto da raiz de uma árvore, ela se agacha e retira do solo cheio de folhas secas o tal Sabre de Luz encurvado.

Rama calmamente pega o sabre das mãos da Zabrak e o examina.

“Este é o Sabre de Luz de Mestre Sul. Você acha que pode utilizá-lo como foco para sua vidência, Mestre Don?”

“Humm… Eu poderia usá-lo assim como eu também poderia usar você, pela sua conexão com a mestre.”

Um bando de Acklays surge na clareira mas eles parecem não ter ciência da presença dos Jedi. A Névoa Jedi Fehu pensa.

A Umbaran senta-se no chão (acompanhada de Rama) e medita. O Sabre de Luz curvo em uma das mãos e a outra tocando a fronte do Togruta. O Sabre de Luz de um Jedi é como uma extensão de seu próprio corpo e o sabre de Mestre Sul não é diferente. Mestre Don sente como se segurasse a própria mão da Jedi Nautolan e juntos, o sabre e o antigo padawan, são o auxílio perfeito que a Umbaran precisava para encontrar sua aliada.

O sabre funciona como uma lanterna, dissipando a quase sólida neblina que é o Lado Negro. O elo entre mestre e padawan é tão forte e peculiar que, através dele, a experiente vidente nota com muito mais clareza em que direção deve focar seu olho mental.

Far-Fal Don já consegue visualizar Mestre Jali Tulang-Sul. Ela está no chão do que parece ser uma caverna, aparentemente inconsciente.

Mestre Sul? Ela indaga mentalmente.

Far-Fal? É realmente você? Pensa a Jedi.

Rama nunca tinha presenciado antes a habilidade em telepatia de Mestre Don. Se comunicar mentalmente, enviando (Diapsiquia) e recebendo (Ideoscopia) pensamentos, com alguém em uma visão não é um feito pequeno.

Sim. Nós viemos resgatá-la. Guie-me até você.

Nós? … Sim, posso sentir a mente de Rama. Não é possível para Rama ver, mas a antiga mestre tenta sorrir em seu corpo físico.

Você está machucada, Mestre Sul? Rama pergunta em sua mente.

O transe Jedi curou meus ferimentos físicos. Zhe-Drao está aqui. Ele me aprisionou em uma espécie de campo de estase psicocinético, me imobilizando. Existem outros prisioneiros também. Dezenas de humanos de Coréllia da nave que caiu aqui. A maioria não resistiu aos poderes de Drao e os que sobreviveram não vão aguentar muito mais. Eles são sua prioridade Ela pensa.

Imediatamente, Mestre.

A conexão mental é interrompida.

“Tenho a direção onde eles estão.” Mestre Don informa.

“E o que estamos esperando? Não temos muito tempo!” Fehu está muito impaciente, andando de um lado a outro.

Você terá trabalho com a jovem Zabrak. Envia a Umbaran ao Togruta.

“Eu sei.” Diz ele rindo, não lembrando que estava em uma conversa mental.

“O quê, mestre?”

“Nada, Fehu. Siga Mestre Don.”

 

XXX

 

Nem mesmo os insetos que infestam a floresta notam os três protegidos pela Névoa e, com as informações obtidas a Jedi Nautolan, não é difícil agora encontrar a caverna. Não muito afastada de onde estavam (menos de uma hora), ela se encontra nos limites entre a floresta e uma praia, tem abertura ampla e restos (já começando a se decompor) de quatro Acklays estão próximos à entrada. Antigos moradores Fehu pensa.

Alguns minutos na caverna de ar úmido e salgado e se deparam com a Jedi imobilizada.

“Fehu, ajude Mestre Don a achar os outros. Eu libertarei Mestre Sul.”

“Sim, mestre.”

Rama pede a ajuda da Força para tentar perceber a melhor maneira de libertar sua antiga mestre. O campo de estase psicocinético, como Mestre Sul descreveu em sua conversa mental, é um casulo feito de energia telecinética envolvendo firmemente a Jedi, a imobilizando. Rama se concentra e, como uma precisão que daria inveja a um cirurgião Kaminoano, ele quebra o casulo.

“Obrigada, Rama. Você fez um ótimo trabalho.”

“Eu sei. Eu tive uma ótima mestre.”

Mas não há tempo para cordialidades e Rama retorna o Sabre de Luz encurvado a sua dona.

“Nós devemos salvar os outros!”

“Já cuidamos disso, Mestre Sul.” Mestre Don e Kel Fehu ajudam três humanos a caminhar tropegamente pela escuridão da caverna.

“Onde está o restante, padawan?” Rama pergunta. Mestre Sul não deixa de notar a pequena Zabrak que Rama chama de padawan.

“Todos mortos, mestre. Mais de quarenta pessoas mortas lá atrás. Estavam presos em um túnel com uma enorme rocha impedindo a saída (e a entrada de ar).” Fehu responde, aparentemente muito chocada.

“Sim. Foi uma chacina. Todos tiveram a energia vital sugada de seus corpos ou morreram de asfixia.” Completou a Umbaran.

“Eu senti a morte deles na Força e não… não pude fazer nada…” Afirma a Nautolan, cabisbaixa.

“Não foi culpa sua, mestre. A culpa é de Drao.” Corrige Mestre Don. “Vamos chamar Dunia para resgatar os Corellianos.”

“Quanto a nós quatro, temos que impedir que Zhe-Drao continue sua espiral de terror.” Rama diz confiante.

“E eu tenho um plano.” Fala Mestre Don, mais misteriosa do que nunca.

 

XXX

 

Ele teve sucesso em sua missão aqui em Vendaxa e segura na mão esquerda, com muito orgulho e cuidado, um pequeno objeto semelhante a uma pirâmide metálica com inscrições em uma língua que foi proferida pela última vez quando a galáxia ainda era jovem.

Zhe-DraoO Cerean já começa a sentir as habilidades que roubou da Jedi Nautolan se esvaindo de sua mente e corpo… Ele já vê suas mãos se enrugando e seus reflexos diminuindo, e pensa que é chegada a hora de se “alimentar” novamente. Os patéticos humanos não têm nada a acrescentar ao seu cérebro binário e morrem tão facilmente… A Jedi, ele lembra com um sorriso, a Jedi é como se refestelar em um banquete.

Ao se aproximar do covil dos Acklay que tomou para si, ele sente uma flutuação na Força.

“Você está preso, Drao!”

Ele se vira para encarar a voz.

“Far-Fal Don? Que honra.” Ele debocha. “Mace Windu e Depa Billaba não conseguiram me destruir com Vaapad. Você realmente acha que terá sucesso onde eles falharam?” e dá uma risada sonora. “Eu sempre quis testar minha telecinesia contra sua telepatia.” E arremessa o Sabre de Luz vermelha na direção da Umbaran.

Ela não se move e a arma atravessa apenas uma ilusão e destrói uma árvore. Antes que Drao possa formular uma reação, dois Sabres de Luz azul atacam empunhados por um Togruta e uma Zabrak. Rama ativa sua Meditação de Batalha e Fehu sente se conectando com seu mestre mais intimamente do que pensava ser possível; seus movimentos e ataques são tão sincrônicos, Fehu investindo e Rama contra-atacando, que Drao não tem muita abertura para usar seus poderes.

Com um comando mental, O Sabre de Luz vermelha (já ativado) retorna flutuando para auxiliar seu dono mas é interceptado por uma lâmina verde.

“Não desta vez, assassino!” surge Mestre Sul.

“Jali? Acredito que tenha apreciado minha hospitalidade.” Fehu e Rama vêem a loucura maléfica nas feições do Cerean.

“Tanto quanto você apreciará sua derrota, Jedi Negro!” Como se antes tivesse estado invisível, surge Mestre Don (flanqueando) empunhando dois Sabres de Luz azul na tática Jar’Kai de combate com duas armas e no transe combativo do Niman (Forma VI de combate com sabres, tida como a mais equilibrada dentre as formas e muito utilizada por diplomatas). Mas Drao é muito veloz, saca seu sabre verde e rechaça o ataque da Jedi Umbaran.

As lâminas, verde e prata, dele afastam eficazmente qualquer ofensiva do ciclone de quatro lâminas azuis que o cerca.

A graciosidade de Mestre Sul mostra o que realmente é um Mestre Jedi. Ela está farta destes “sabres voadores”. Seria muito mais fácil (ou menos difícil) destruir um objeto pequeno (como o cabo de um Sabre de Luz) com um golpe em arco mas a Nautolan neutraliza o Sabre de Luz vermelha com uma acurada estocada, demonstrando toda sua maestria no Makashi, a Forma mais refinada de combate.

“NÃO!!!” grita Drao e canaliza toda sua fúria nos seus golpes contra os Jedi. Aumentando o poder de sua Forma Ataru com telecinesia, o Jedi Negro ataca o Togruta e sua padawan com tamanha ferocidade que Rama, mesmo tentando conter a potência do golpe com sua própria telecinesia, é arremessado juntamente com Fehu contra um rochedo metros distante. Rama é atordoado e Fehu cai inconsciente.

Mestre Sul se transforma num borrão superveloz e tenta ajudar a Umbaran, mas Drao a estrangula através da Força e a projeta floresta adentro.

“Somos apenas nós agora, Umbaran.”

Ela nada responde nem demonstra qualquer emoção. Alguns estudiosos descrevem a Forma VI como a Forma da Moderação. Sem tantas vantagens como as outras Formas mas sem fraquezas também. É como se cada movimento tivesse sido ensaiado antes (Mestre Don chega até a fechar os olhos por algumas vezes). Ela posiciona seu pé dominante à frente; segura um dos sabres horizontalmente em relação ao solo e o outro apontando para cima, alinhado com o eixo do seu corpo e com uma leve inclinação para dentro.

No entanto, da mesma forma que os golpes do Cerean ainda não venceram as defesas da Umbaran, ela também não consegue atingi-lo. A pele de Drao está cada vez mais enrugada e pálida, uma das desvantagens da Forma Ataru que ela é intensamente desgastante para o Jedi.

No zênite do combate, Mestre Don aguenta firme as duas lâminas do Cerean em uma aparada cruzada de suas lâminas gêmeas azuladas. Drao sorri quando ergue telecineticamente seu terceiro (e agora último) Sabre de Luz e o ativa. Mestre Far-Fal Don sabe o que lhe aguarda e aceita o golpe com serenidade. O sabre trespassa o ombro direito da Jedi que, em agonia, é forçada a baixar sua guarda. Um outro corte é feito em sua perna esquerda, a obrigando a se ajoelhar.

“Essa é a posição mais apropriada a vocês, Jedi.” Dizendo isso, ele estica sua mão e toca no rosto da Umbaran.

Rama é acordado por um grito audível física e mentalmente.

Zhe-Drao já está com a pele rejuvenescida, empunha dois sabres e está na postura inicial do Niman. Um terceiro sabre flutua ameaçador ao seu redor. O Cerean sorri e faz uma saudação ao Togruta.

Rama observa Fehu desfalecida no chão e Mestre Don caída e sangrando próximo ao Jedi Negro, ambas vivas, ele sente. Chama seu sabre a sua mão, o ativa e assume a postura Djem So.

Os dois correm, um na direção do outro…

 

Continua…