O Sabre e o Blaster – Parte III

Nar-Shaddaa, a Lua dos Ladrões. Rama-Vatar e Dunia Bast espreitam a entrada principal do covil da organização criminosa conhecida como Black Sun. Antes do atentado à sua vida, Dunia já tinha entrado no local e sabe que o lugar é bem guardado e perigoso. Ela deixa transparecer sua ansiedade claramente ao Jedi alternando o peso de seu corpo entre suas pernas; a calma nas feições de Rama contribui para aumentar esta ansiedade.

“Ok. Você pretende usar seu truque Jedi nos guardas para eles nos deixarem entrar ou vai simplesmente apontar para as portas e lançá-las pelos ares?”

“Não acho que eu conseguiria utilizar o Truque Mental Jedi em todos lá dentro, e lançar a porta pelo ares com telecinesia não me parece muito prudente.” retruca Rama com um sutil sorriso sarcástico.

A Twi’lek responde ao sorriso do jovem Togruta com um olhar sério e pungente.

“Certo, poderoso mestre Jedi, qual é seu plano, então?” pergunta, apoiando os braços em sua cintura.

“Imagino que devam existir outras entradas menos, eu diria, óbvias, não? E eu não sou um Mestre Jedi ainda.”

“Humm… Sim. Há um acesso por uma das laterais da base por onde os carregamentos de armas e contrabando chegam. Haverá resistência, mas em menor intensidade eu creio.”

Rama, pragmático, já anda a passos largos na direção apontada quando nota que Dunia permanece imóvel. “O que houve?”

“Bem… Acho que tenho mais uma coisa para lhe contar. Eu menti quando lhe disse que vendi todas as pérolas de Dragão Krayt aos Senhores do Crime Hutts.” Ela então retira de um dos bolsos de sua vestimenta uma pequena esfera negra muito bem polida. “Vendi todas, menos esta. E quero que você fique com ela.” Ela segura o braço de um Rama confuso com a revelação, abre sua mão e coloca nela a pérola. “Ouvi dizer que um Sabre de Luz ficaria mais poderoso com uma dessas.”

Rama lembra de histórias (quase lendárias) de Mestres Jedi que empunhavam Sabres de Luz especiais que tinham suas lâminas melhoradas por gemas, cristais ou itens raríssimos. Uma pérola de Dragão Krayt é um desses itens e Rama-Vatar nunca imaginaria que seu Sabre de lâmina azul, e extensão de seu próprio braço, poderia ser um dia uma dessas armas lendárias. Em agradecimento silencioso, ele começa a delicada arte da reconstrução de um Sabre de Luz. Desmonta sua arma e posiciona a pérola no local onde ficaria um cristal focalizador secundário. Terminado o processo, o Jedi religa a arma e já consegue perceber a mudança da lâmina para uma tonalidade mais escura e “sólida”.

“Estou pronto. Vamos!”

Em uma sala com alguns monitores ligados, Kalrana Korr observa um belo Togruta e umaMon Sundaar Twi’lek escondendo os corpos desacordados de sete guardas. Ao seu lado, um bípede felino forte e com pelo cinza e listras escuras, um Togorian pensativo.

“Viu o que eu lhe disse, Mon?” Insinua a Bruxa de Dathomir para Mon Sundaar, Vigo do Black Sun (Uma espécie de tenente nos ranks da organização). “Se seus capangas imbecis tivessem tido sucesso no assassinato da Twi’lek, ela não estaria aqui tentando lhe matar e ainda mais com a ajuda de um Jedi.”

“Apreciei você ter conseguido roubar as pérolas e por isso eu lhe tomei como guarda-costas pessoal. Um Jedi, você diz? Eu não tenho com o que me preocupar agora, não é mesmo?” com um movimento de menosprezo, ele continua “Mate os dois.”

XXX

Até agora, Dunia e Rama conseguiram manter a furtividade em sua invasão, mas o Jedi sabe que algo está errado.

“Rama, você ainda não me disse como os nobres de Tatooine foram assassinados e como ligou isso a mim.”

“Eles foram mortos por tiros de Blaster por uma Twi’lek e temos imagens gravadas de você roubando as pérolas. Desde o momento em que a vi, percebi que não poderia ter sido você. O modo como você anda e se porta não são os de uma assassina e, além do mais eu sinto que nós dois…” O Jedi subitamente de vira e, com seu Sabre de Luz, deflete um tiro de Blaster mirado certeiro em suas costas. Rama encontra os olhos de Kalrana Korr e sente a mácula do Lado Negro da Força em cada um dos seus gestos.

“Eu não resisti. Eu tinha que tentar um tiro contra os famosos reflexos Jedi, certo?” Pergunta a Bruxa num tom de voz que beira a loucura.

Dunia é mais rápida que o Jedi, saca sua WESTAR-34 e dá uma saraivada de tiros na Bruxa mas os deflete usando seu peculiar bracelete no braço esquerdo (Não do modo disciplinado e gracioso que um Jedi defletiria, mas igualmente eficaz).

Kalrana saca de seu coldre um objeto cilíndrico semelhante ao punho de um Sabre de Luz mas, quando o ativa, ao invés da lâmina reta, um letal Chicote de Luz surge.

“Vamos dançar, Jedi!” Avança e ri lunaticamente.

O Sabre de Luz azul e o Chicote de Luz vermelha se entrelaçam tão ferozmente que suas cores parecem se fundir em alguns efêmeros tons arroxeados. A variante Djem So da Forma V de lutas com Sabre de Luz também é dominada por Rama-Vatar e, com seus bloqueios e aparadas, ele tenta canalizar a força da atacante contra ela mesma, desferindo contra-ataques precisos, mas a fúria errática e caótica dos movimentos de Kalrana mais que compensam a mente focada e a técnica do Jedi.

Todos os tiros de Dunia são rechaçados ora pelo Chicote de Luz ora pelo estranho bracelete da Bruxa.

“Confesse que foi você, Bruxa!” Grita a Twi’lek.

O Chicote de Kalrana faz um movimento circular e quase decapita a Bounty Hunter. No final do movimento, a ponta do Chicote atinge uma das paredes do local, quase descuidadamente, mas o gesto não passa despercebido por Rama que liga seu comlink.

“Claro que fui eu, meretriz! Deixei você ser filmada pela câmera, entrei nos aposentos dos humanos, os matei com tiros de Blaster e ainda consegui reaver as pérolas que você vendeu aos Hutts. Para todos os efeitos, fui eu quem cumpriu a missão e você, rancorosa, quer se vingar matando Mon Sundaar.”

Rama aproveita a aparente distração da Bruxa se vangloriando e ataca.

No último segundo, ela intercepta o Sabre de Luz com seu bracelete e, para a surpresa do Jedi, sua arma é desativada.

“O que?!?”

“Vejo que é seu primeiro encontro com o Cortosis, Jedi. Um minério capaz de causar curto-circuito em Sabres de Luz.” Responde rindo.

Kalrana levanta o Chicote, pronta para matar o Jedi surpreendido.

Se existe realmente a Força, me ajude! pensa Dunia enquanto mira sua Kalrana Korrpistola Blaster.

Kalrana é desarmada pelo tiro mais certeiro que Dunia lembra já ter desferido. A Bruxa enfurecida mais ainda, aponta seus dedos semicerrados na direção da Bounty Hunter.

“ESTOU CHEIA DE VOCÊ E SEUS TIROS!! MORRA!!”

Dunia sente os pelos de seu corpo se eriçando poucos segundos antes de ser atingida por um Relâmpago Sith, um dos ataques mais poderosos do Lado Negro.

Aos gritos de agonia, Dunia é arremessada de encontro a uma das paredes e cai inconsciente no chão.

“NÃO!!” O jovem Togruta convoca a Força em seu auxílio.

A gargalhada histérica da Bruxa de Dathomir é interrompida quando um pulso telecinético a faz atravessar a sala onde estão. Assustada com a força do ataque, ela chama sua arma e literalmente voa, fugindo.

Rama já está ao lado de uma Dunia ferida mortalmente, fecha seus olhos e transfere parte da sua energia vital à Twi’lek. Tendo estabilizado os graves ferimentos dela, O Jedi carrega seu corpo desfalecido até a saída, chama Excel pelo comlink e a deixa em segurança dentro de Star Vixen, assim que ela pousa nas proximidades.

Como diria o sábio Mestre Yoda “Faça ou não faça. Não existe tentar.” A Força está do lado de Rama e ele irá capturar a Bruxa de Dathomir.

Continua…